Knittelfeld, Áustria, 1911 —
Rio de Janeiro, Brasil, 2005
“A arte não reproduz o visível, ela torna visível”. A conhecida afirmação do artista suíço Paul Klee encontra, na obra de Franz Weissmann, sua instância escultórica. São trabalhos que conferem ao espaço um corpo simultaneamente denso e impalpável, apresentando definitivamente o sentido da ideia de presença e abrindo uma nova relação entre público e obra de arte.
Divergindo dos métodos de ensino da Escola Nacional de Belas Artes, Franz Weissmann, troca a academia pelo ateliê do escultor polonês August Zamoyski, onde permaneceu entre 1942 e 1944. Em 1945, morando em Belo Horizonte e influenciado pelos trabalhos escultóricos de Rodin, Brancusi e Henry Moore, Weissmann explora a composição de figuras maciças, passando a recriá-las em linguagem abstrata.
A potência de tais incursões no volume e na forma essenciais atualizam-se na obra Cubo Vazado (1951), que Weissmann submete à seleção da 1ª Bienal de São Paulo. Já circunscrita no Concretismo, o rigor estrutural e as sugestões volumétricas sutis mas bem definidas de Cubo Vazado desvelam o que Franz Weissmann chama de “vazio ativo”, que pode ser compreendido como presentificação do espaço pela vibração entre matéria e vazio que, numa relação dialética, afirmam-se mutuamente na oposição harmoniosa. Ainda que recusada pelo júri da Bienal sob justificativa de acabamento técnico insatisfatório, Cubo Vazado apresenta aspectos que se estenderam ao longo das investigações do artista e o consagraram, com destaque à modelagem do espaço vazio a partir do arranjo volumétrico da matéria em composições que são tanto minuciosas quanto subjetivas, como na obra Três Cubos Virtuais (1954), e o papel fundamental da recepção da obra pelo espectador, como em Construção (1951).
De fato, a reflexão sobre a recepção da obra de arte é crucial para Weissmann e marca a postura neoconcreta do artista antes mesmo da fundação oficial do Neoconcretismo pelo manifesto de 1959, o qual ele subscreveu. Tal antecipação pode ser conferida em obras como Espaço Circular e a icônica Coluna Neoconcreta, ambas de 1957. Alargada, essa questão assume dimensão pública. Em diversas ocasiões, Weissmann afirmou que o lugar ideal para suas obras é a cidade, pensada como espaço de amplo acesso a uma experiência estética que chama o espectador para a temporalidade da convivência com a obra, convidando-o a demorar-se nela, a frequentá-la, até mesmo a adentrá-la. Fruto desse desejo do artista, na Praça da Sé, esse coração penoso de São Paulo, a obra Diálogo (1979) mantém-se firme, leve e vermelha; uma utópica chama dos sentidos que, como escrito por João Cabral de Melo Neto em comentário ao trabalho de Weissmann, irradia em seu entorno o “espaço de um mundo de luz limpa e sadia/ portanto/ justo”.
G.G.S.
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