Exposição Coletiva
São Paulo, Brasil
06/09/2012 - 04/11/2012
A Cultura Inglesa São Paulo realiza exposição inédita tanto no Brasil como no exterior, com inauguração no dia 3 de setembro no Centro Brasileiro Britânico/Cultura Inglesa. A mostra integra o calendário de atividades da temporada UKBrasil e da campanha GREAT, uma iniciativa do governo do Reino Unido para expor o melhor dos negócios, cultura, ciência e inovação britânicos no Brasil, dando origem a novas e duradouras parcerias.
O objetivo dessa exposição, que ocorre concomitantemente à 30ª Bienal de São Paulo, é ressaltar os paralelos entre os artistas construtivistas britânicos e os concretos brasileiros durante o período 1955-1975/80. Ambos os movimentos emergiram num mesmo momento histórico, foram influenciados pelos mesmos artistas e críticos, e compartilharam a mesma aspiração pioneira ao modernismo e à reconstrução em seus países. Ao fazê-lo, escolheram a mesma forma de arte. Ambos viam seu trabalho como elemento de uma dinâmica criativa social mais ampla que se estendeu à arquitetura, ao design e à poesia. Embora esse paralelo seja muito claro hoje, nunca foi explorado em uma exposição ou publicação com essa abrangência.
O mesmo grupo de artistas será apresentado em exposição independente pela Dan Galeria, no contexto de sua tradição de exposições de arte Construtiva, com inauguração no dia 5 de setembro.
As sementes construtivistas na arte surgiram em vários momentos férteis da história da arte, como na arte pós-segunda guerra mundial. Os grandes mestres, artistas e alunos da Bauhaus então dissolvida pelo nazismo se espalharam e divulgaram suas teorias pelo mundo. Parte foi para a Inglaterra, onde, no inicio, seus trabalhos não tiveram muita repercussão em termos de publico, ainda muito conservador em relação às antigas escolas. No pós- guerra, com a expansão da produção industrial, a serialização e a racionalização da produção, e já sob a influência da escola de Ulm, as vanguardas europeias começam a discutir a inserção da máquina na sociedade, com tentativas de unir arte e indústria. O uso da combinação de materiais diferentes soldados passou a ser o método escultórico mais usado.
Embora identificássemos suas raízes nas primeiras manifestações modernistas da década de 40, principalmente nos trabalhos de Waldemar Cordeiro, Abraham Palatinik e Geraldo de Barros, essa linha construtivista chega ao Brasil no início da década de 50 ,quase contemporânea à fundação de Ulm, por intermédio principalmente de Max Bill, que faz sua primeira exposição no Brasil em 1949. Não se trata portanto de uma coincidência, historicamente falando. A Bienal de Säo Paulo começou em 1951 e exibia em sua maioria obras concretas e abstratas. A premiação da escultura Unidade Tripartida de Max Bill nessa Bienal e atmosfera de otimismo dos “anos dourados” com suas promessas de desenvolvimento e modernidade contribuíram para instigar ainda mais os artistas brasileiros que se identificavam com a arte concreta.
O movimento neoconcreto, nascido no Brasil por volta dos anos 60, surge como uma reação ao concretismo racionalista de exploração de ilusões óticas, reaproxima-se da vanguarda russa na procura de um novo objeto para arte, valendo-se mais da subjetividade e do corpo que da objetividade e da razão. O neoconcretismo brasileiro já não lida em nenhum grau com o problema da representação, mas com o de emprestar uma transcendência à tela mesma como objeto material, segundo palavras de Ferreira Gullar (1985). Provavelmente seu maior legado foi de relacionar a arte com a ciência e a tecnologia. A abordagem racional inspirou não somente as esculturas cinéticas, o minimalismo, a pintura concreta (que parece ser feita por máquina), abstração geométrica e a arte tecnológica.
Essa leitura de conjunto do construtivismo inglês em contraponto com o construtivismo concreto e o neoconcreto brasileiros, reconhecido hoje como um dos concretos mais criativos da época, é inédita. Com 19 artistas brasileiros e 14 britânicos, a curadoria busca reafirmar a importância da arte concreta e neoconcreta brasileira, entre eles- Lygia Clark, Helio Oiticica, Sacilotto em confronto com os melhores artistas ingleses, dentre os quais há alguns que participaram de algumas Bienais de São Paulo na década de 50 e 60.
A contraposicão entre duas vanguardas históricas como a inglesa e a brasileira é historicamente inédita.