Amélia Toledo

12238-1 (1)

Biografia


São Paulo, Brasil, 1926 —
Cotia, Brasil, 2017

Do aço reluzente à pedra bruta, de máscaras em gesso ao líquido multicolorido, do pingente em centímetros à cidade em quilômetros: a liberdade da pesquisa experimental e o constante caráter participativo marcam o trabalho da artista Amélia Toledo. Após dar os primeiros passos de seu aprendizado artístico frequentando os ateliês de Anita Malfatti, Yoshiya Takaoka, Waldemar da Costa e o escritório de Vilanova Artigas, Toledo partiu, já em 1958, para estudar na London County Council Central School of Arts and Crafts.

Durante os anos 60, quando retorna ao Brasil, Amélia Toledo realiza trabalhos em diálogo com a escultura construtiva. São desse momento obras em que predominam o aço, como Mundo de espelhos (1966) e Interface (1967), que exploram a plasticidade metálica e a superfície reflexiva evocando, do material gélido e sólido, o intangível da ilusão ótica e da elasticidade espacial. Levando essa pesquisa à escala da joalheria, Toledo criou ainda pingentes, broches, anéis e outras peças de extrema sensibilidade escultórica.

Já nesse período, em obras como Bolas-bolhas (1964) e Glu-glu (1968), a artista nos permite entrever seu desapego a uma mídia ou estilo escultórico determinados, explorando materiais transparentes (vidros ou plásticos) e elementos naturais que aparecerão com mais contundência nas obras da virada dos anos 1960 e do começo dos anos 1970, quando também a participação do público surge marcadamente. Dessa época é Situação tendendo ao infinito (1971), obra formada por cubos translúcidos empilhados e compartimentados que convidam o participante à manipulação lúdica das peças, desbravando a estrutura construtiva do objeto e, no limite, da própria forma espacial. Também trabalhos como A Onda (1969), as Medusas (1969) e os Discos Tácteis (1970) trazem materiais menos nobres, como o plástico, operando junto à fluidez de líquidos coloridos, união cujo sentido final é dado pelo movimento que o participante imprime ao manipular os objetos e descobrir na formação de bolhas, nas misturas de fases, em cada forma gerada por sua ação, miríade de outras formas.

Durante os anos 1990 e 2000 a generosidade da artista se amplia ao nível do espaço público, novamente assumindo a forma de um convite à exploração sensível, ao toque, ao olhar, ao gesto. Convite também de retorno à terra e a sua potência e verdade. A salvo do sol e do calor inclementes do Rio de Janeiro, sob a pele de Copacabana, a estação de metrô Cardeal Arcoverde se abre como gruta ancestral em que Amélia Toledo nos lembra que a Terra, pérola azul, é viva, e que todos nós, interligados, somos parte indissolúvel dessa vida bruta.