Lucca, Itália, 1896 —
São Paulo, Brasil, 1988
A obra de Alfredo Volpi é uma síntese das realizações da arte moderna no Brasil e, simultaneamente, sua ultrapassagem. Nos anos 1930, Volpi aproxima-se do Grupo Santa Helena, procurando nas ruas os assuntos para suas pinturas, seja paisagem, figura humana ou cenas do cotidiano. A partir da década de 1940, suas telas passam por um processo de simplificação da forma, abandonando recursos tradicionais de construção da ilusão espacial, como perspectiva ou sombreados. A composição e a fatura tornam-se mais importantes do que o assunto, o que abre uma fase, nos anos 1950, de pesquisas com espaço e planaridade, figura e fundo, nas quais os elementos arquitetônicos, que antes eram figurativos, assumem-se cada vez mais como geometria.
A técnica de pintar com têmpera produz uma atmosfera diáfana na superfície das telas, que suaviza os retângulos e losangos, mesmo no final da década de 1950, quando o artista expõe com o grupo concretista, sem contudo abandonar o apreço pela artesania, desde a confecção dos chassis de suas telas até o apreço pela pincelada visível.
De fato, a tinta esbranquiçada da têmpera confere à superfície da pintura certa porosidade, como se o vento ou o tempo atravessassem suas pinturas, ligando os afrescos pré-Renascentistas de Giotto ao modernismo brasileiro e seguindo até a nossa pintura contemporânea, que tem em Volpi um “novo” a que recorrer sempre que necessita de um sopro.