Obras recentes de César Paternosto

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São Paulo, Brasil
01/09/2015 - 30/09/2015

A pausa, o silêncio e a contemplação, embora necessários, são tão raros em nosso dia a dia que nos esquecemos de sua importância, até o momento em que encontramos algo que nos surpreenda ou prenda a nossa atenção.

Na obra de César Paternosto, podemos sentir uma inquietante tranquilidade. E não por acaso, pois o artista cita essa percepção como uma de suas intenções em revelar o que chama de “o vazio pleno”.

Chegar a uma síntese estética, plena de conteúdo, é um processo que exige de todo artista uma busca profunda e longa.

O maior desafio de um artista é realizar a difícil missão de acrescentar algo novo à história da arte, e para isso é necessário não só olhar para o passado, mas tentar realizar algo inédito no presente para que sua obra permaneça no futuro.

Para a maior parte dos artistas ligados à corrente da abstração geométrica, o marco zero desse mo- vimento é a obra Quadrado negro (1915), do russo Kazimir Malevich, que inaugura o suprematismo e uma nova realidade artística, representada pela abstração geométrica em contraponto ao fim da representação figurativa.

Artistas como Piet Mondrian, com obras como Composição em vermelho, azul e amarelo (1930), ou Josef Albers, com as séries Constelações es- truturais e Homenagem ao quadrado (1950-76), ampliaram a abertura iniciada por Malevich.

No Brasil, essa corrente foi inaugurada pelos artistas paulistas que formaram o Grupo Ruptura e pelos cariocas do Grupo Frente, impulsionados pela exposição de obras do suíço Max Bill.

Lygia Clark e Willys de Castro, por exemplo, fo- ram artistas brasileiros que questionaram em suas obras a tensão entre plano e espaço tridimensio- nal, o que levou a obras inovadoras como os Casu- los (1959) de Lygia e os Objetos ativos (1959-62) de Willys.

O venezuelano Jesús Soto, inspirado em Mondrian, foi um dos pioneiros da arte cinética.

Há, portanto, uma afinidade estética, ou um fio condutor cronológico, que une artistas ligados à abstração geométrica de diversos países em vários momentos da história.

Encontramos nas obras de César Paternosto coerência e afinidade com esse fio condutor.

Sua vida reflete essa intensa busca, quando migra de sua cidade natal, La Plata, na Argentina, para Nova York e mais recentemente para Segóvia, onde reside hoje.

Para podermos ver e compreender plenamente a obra de César Paternosto, precisamos não somente nos aproximar dela, mas nos deslocar diante dela para descobrir o que está oculto nas laterais.

O conceito da visão oblíqua ou lateral proposto por César Paternosto surgiu no final da década de 1960, quando vivia em Nova York e criou suas pri- meiras obras em que a superfície das telas apre- senta um plano único de cor aparentemente vazio, mas pleno de sutilezas se nos atentarmos.

A obra nos convoca a uma pausa para apreciá-la. Convido a todos para participar desta experiência.