O Mundo Visual e a Pintura de Adolfo Estrada - 50 anos

EXPO ESTRADA 09

Sobre


São Paulo, Brasil
23/06/2012 - 23/07/2012

Quando questionado sobre sua suposta negação da geometria, o artista revela, categórico, que apesar de parecer ser a raiz fundamental de sua obra há, na verdade, um total desinteresse pela geometria em si mesma. Lembra, contudo, que suas formas são geométricas e que sobre elas se sustenta a composição. Porém, afirma que sua finalidade principal é a delimitação dos campos de cor que, em definitivo, é o essencial no seu trabalho: “Para mim, a pura abstração geométrica é completamente estranha, exceto no interesse que partilho pela precisão. Em todo caso, poderia dizer-se que, de algum modo, não preciso da geometria. Mas não que a nego”.

Continuidade, precisão, concentração e intensidade, sempre a serviço de um amplo e sólido espaço de contemplação para o espectador, são os conceitos corretos para compreender o que transmite a arte de Adolfo Estrada.  É conduzindo sua pintura na máxima tensão emocional que o artista argentino radicado na Espanha expõe no Brasil obras inéditas de sua extensa e constante produção.

A mostra O mundo visual e a pintura de Adolfo Estrada – 50 anos abre no dia 23 de junho na Dan Galeria, em São Paulo, e traz cerca de 20 peças de seu acervo, incluindo as mais recentes, inspiradas em sua passagem pela Patagônia.

Artista prestigiado, com exposição permanente de suas obras no importante museu Reina Sofia, em Madri, e com peças presentes em inúmeras coleções particulares na Europa e América do Sul, Adolfo Estrada ganha agora um livro comemorativo dos seus 50 anos de atividade artística. Além de uma completa seleção em ordem cronológica das suas melhores pinturas e trechos que relatam história do artista e suas influências no campo das artes, a publicação intitulada Estrada e editada pela Dan Galeria, inclui textos do arquiteto Carlos Martí Arís e do artista plástico Juan Ariño, e ainda uma conversa entre Estrada e o artista espanhol Luis Marsans.

Para compreender bem o trabalho de Estrada, vale ressaltar a importância de conhecer suas obras tridimensionais, nas casas de San Martí Vell, por exemplo, em que, segundo o próprio artista, há influência da arquitetura e da decoração, vertentes fundamentais para seu desenvolvimento como pintor. “Há algo de arquiteto em minha maneira de trabalhar a pintura, da necessidade de alguns planos e esboços antes da execução final das obras”, confirma Estrada. Ele afirma que nas composições mistas, no entanto, não há projeto prévio: “A terceira dimensão aparece, de forma acidental, quando ao compor pedaços de madeira de diferentes tamanhos, surgem relevos e volumes no meio do caminho entre a pintura e a escultura”.

 

Em contraste com o predomínio das linhas verticais nas telas de Estrada, seus últimos trabalhos dão maior ênfase às horizontais: “…Talvez se visualizem paisagens. Como as da Patagônia e seu infinito horizonte. Estaríamos de novo no delicado limite entre abstração e figuração?…”, reflete o artista, evidenciando sua relação forte com região do sul da Argentina para onde viajou em 2008.