São Paulo, Brasil
08/06/2013 - 20/07/2013
Uma das mais importantes características da arte contemporânea, principalmente a partir dos anos de 1990, é, provavelmente, o fato de afirmar a extensão relacional entre arte e sociedade. Laura Miranda aborda, em seu trabalho, o embate entre sujeito e mundo, corpo e lugar. “Nomos” – termo que designa um caminho numa ampla extensão em torno do espaço urbano – foi o título escolhido por Laura para a sua próxima exposição, e remete ao local onde a artista produz sua obra, a Área de Proteção Ambiental do Passaúna, situada na zona metropolitana de Curitiba. A partir do dia 8 de junho, a Dan Galeria abrirá suas portas para mostrar desenhos, objetos e vídeos, referentes a uma produção realizada pela artista entre 2009 e 2012.
Com formação em artes visuais e dança contemporânea e especialização em história da arte do século XX, a curitibana Laura Miranda realiza trabalhos que conectam esses dois campos artísticos e desenvolve projetos de pesquisa em diferentes tradições têxteis com visitas às instituições e comunidades no Japão, Índia e Canadá. O neoconcretismo, movimento artístico cujo manifesto foi publicado no Brasil em 1959, foi também uma importante referência para o seu trabalho, não só no que diz respeito a uma revisão crítica da linguagem geométrica, mas a uma abordagem do corpo e da subjetividade que permitiu a inserção da arte no campo da discussão da cultura como produção social.
A série “A Céu Aberto”, de 2009, foi criada com papel tingido artesanalmente, com dobraduras e amarrações, fazendo uso das técnicas tradicionais de tingimento dos países asiáticos. As dobras coloridas combinam geometria e organicidade e são costuradas com linhas delicadamente até constituírem uma superfície modular. A principal obra da série traz a cor azul – o tonalizante da exposição – que está ligado à cor do céu, da água e do ar e refere-se às itinerâncias por tantos lugares. Aponta para trajetos em que a percepção do espaço se dá na relação com a amplitude e a velocidade.
A série “Espelho D’Água”, de 2011/2012, estabelece uma relação entre o rio Passaúna e rio Adyar e sua foz no mar de Bengala, no sul da Índia – trajeto realizado pela artista em 2011. Os desenhos que compõem esta série se originaram da sobreposição de mapas destes dois rios e são frutos de uma cartografia imaginária baseada em fotografias esboços e diários de viagem. A túnica, que também faz parte deste conjunto, é confeccionada em feltro e seda com estampa de flores recortadas, bordada com pérolas e tem incrustado no decote um tablet com imagens do fundo e da superfície do lago.
“Zênite”, de 2010, foi projeto colaborativo que reuniu dez artistas – entre eles, Laura Miranda – e teve como resultado a produção coletiva de cadernos de desenho, fotografias, objetos, vestes e um vídeo de performance que fará parte da exposição.
Destacam-se do projeto desenhos e objetos da produção individual da artista, a Série “Pétalas e Flechas” de 2010/2011 que se referem ao significado da palavra Zênite: linha traçada entre um ponto na superfície da terra e seu correspondente na abóboda celeste.
Além destas séries, a exposição exibirá uma ponta de flecha encontrada na região, cuja datação remonta a 4.000 anos aproximadamente e um interessante portfólio virtual da artista, onde será possível analisar os processos de produção das obras e as referências tão caras à Laura Miranda. O catálogo da exposição, que já foi lançado na ARCO, em Madri, e no Museu Alfredo Andersen, em Curitiba, será agora lançado em São Paulo e trará textos críticos de nomes como Paulo Reis, Artur Freitas e Denise Bandeira.
Laura Miranda - O solo, um lago, as árvores e as estrelas
Laura Miranda apresenta na sua individual no Instituto Tomie Ohtake um recorte de sua produção. No vídeo, a artista e o diretor de arte contemporânea da Dan Galeria, Flávio Cohn, comentam sobre as séries "Líquens", "Estrela Canina" e "Tenchi".
Depoimento de Agnaldo Faria na exposição Laura Miranda - O solo, um lago, as árvores e as estrelas
A mostra “Laura Miranda – O chão, um lago, as árvores e as estrelas”, que fica aberta para visitação no Instituto Tomie Ohtake de terça a domingo, das 11h às 20h até 30 de janeiro. Visite!
Individual de Laura Miranda no Instituto Tomie Ohtake
No dia 13 de novembro, sábado, estreia a exposição “Laura Miranda – O chão, um lago, as árvores e as estrelas” no Instituto Tomie Ohtake.