Exposição Coletiva
São Paulo, Brasil
31/03/2020 - 08/06/2020

Essa é uma exposição que reúne o gesto forte, o pensamento matemático, a densidade filosófica, a forma perturbadora.

E, não por oposição, mas por complementaridade, inclui também a delicadeza, o ornamento, a musicalidade.

Reúne, assim, um conjunto de obras que emana um caráter de integralidade, no sentido do integral, do completo, como característica do ethos feminino.

Parte importante desse ethos é, sem dúvida, uma certa paciência condescendente com quem relaciona a mulher à falta. Como atestado por essa exposição, a mulher sabe que não falta nada. Nossa dificuldade, ao contrário, é com a superabundância de lucidez.

Da sagacidade feminina vem uma pergunta importante: falta do quê, se podemos ir da natureza à geometria, em intimidade com a linha arredondada e com o ângulo reto.

O mais interessante é que há algo em nós que nos faz ser no plural.

Seja Mira, Yolanda, Leontina, Tomie ou Judite, Lygia, Denise, Beatriz ou Laura, nós não ligamos muito para sobrenomes, porque tudo na terra é nosso filho. E nós temos um ímpeto de cuidar de todos, seja filho de quem for.

E de cuidar de todas, porque somos muitas.

A história da arte brasileira é feita por grandes artistas mulheres. Nesse campo, sempre estivemos na vanguarda, inaugurando o modernismo, acompanhando o Surrealismo, na linha de frente do

Concretismo e do Neoconcretismo, na luta política da arte participativa, nos ateliês da volta à pintura, na pesquisa com novas linguagens.

As grandes artistas mulheres do Brasil são força e inspiração para mulheres atuantes em qualquer campo da criação e do cuidado com o mundo. Que essa força gere delicadeza nos homens que nós colocamos no mundo.

“Que essa força gere delicadeza nos homens que colocamos no mundo.”

– Paula Braga, 2020