Ivald Granato - Seres

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press release


São Paulo, Brasil
19/08/2023 - 18/11/2023

“Ivald Granato era, e ponto final. Um artista que nasceu para as artes; um pintor que nasceu para as cores e pincéis. Um ser à serviço do fazer artístico cuja liberdade e a experimentação foram marcas preponderantes de uma movimentada trajetória transdisciplinar”, afirma Daniel Rangel, curador da exposição Seres, que a Dan Galeria inaugura no dia 19 de agosto. A mostra traz para o público peças do Acervo Ivald Granato, empresa criada por sua família para conservar e difundir seu legado de 50 anos de dedicação rigorosa, livre, experimental e ininterrupta para a arte brasileira.

Granato, que morreu precocemente há sete anos, em julho de 2016, foi um artista plural. Pintor e um dos pioneiros na arte performance no Brasil, transitou entre desenho, pintura, escultura, performance, vídeo e múltiplos suportes, linguagens, estilos, lugares e pessoas. Conectado a todos os movimentos de vanguarda, para Rangel, ele foi um pop-surrealista na década de 1960, um performático-tropicalista na década de 1970, e um roqueiro-expressionista na década de 1980. Segundo Jacob Klintowitz, crítico de arte brasileiro, o artista tinha sua própria linguagem, intitulada por ele de “Granatês”.

Em Seres, a curadoria explora esse universo inventado por Granato, marcado por sua força colorista, traços expressivos e uma constante pulsação rock and roll, que destaca os vários seres criados pelo artista. No recorte escolhido pelo curador, o figurativo, abrange meados dos anos 1980 até o ano 2000. “O figurativo está voltando com força total no mundo e por isso minha escolha. Mas Granato é tão múltiplo que poderia ter diversos outros recortes: só desenhos, ou só abstratos, ou só surrealistas e muitos outros”, complementa Rangel.

O recorte marca, contudo, uma época áurea do trabalho de Granato. Nesse período, seu atelier na avenida Henrique Shaumann com a Avenida Brasil era um ponto de encontro dos mais efervescentes de São Paulo, reunindo a nata dos artistas e intelectuais. Em 1987, Granato foi capa da revista Veja São Paulo, que o chamou de “O Agitador dos Pincéis”. É para se destacar também o sucesso que ele fez na Alemanha, encantando inclusive a princesa Gloria Thurn und Taxis que criou um atelier para o artista em seu castelo em Regensburg, de onde desenvolveu uma série de obras, algumas presentes nesta mostra.

A exposição evidencia como os Seres de Granato são únicos ao mesmo tempo que estão conectados entre eles, a semelhança vai além da visualidade. Para o curador, as figuras retratadas incorporam trejeitos comuns, presentes na personalidade expansiva do artista. Nela o público encontrará possíveis autorretratos multifacetados, como um ‘pavilhão de eus’, citando o músico suíço Walter Smetak, além de esboços, cadernos do artista, anotações e mais objetos.

Sobre a pintura figurativa, o curador explica que um resgate dela vem sendo feito, conduzida por uma crescente produção identitária na qual os artistas reproduzem seus entornos. O tão evidenciado atualmente “lugar de fala” na sociedade, incluindo o meio artístico, se torna necessário ao incorporar novas vozes, formas, cores e sons, cuja experiência é vívida e real.

“Desde os anos 1960, ou até mesmo desde Marcel Duchamp, ‘arte e vida’ se misturam e tangenciam a produção contemporânea. Nesse sentido, Granato representou o que ele era de fato, a vanguarda. O espaço-ser da experimentação artística, cujo tempo é histórico, e por isso, circular, que incorpora o passado, revisitado aqui, a partir de uma visão atual. Os Seres de Granato são a essência dele mesmo, e de sua pintura”, afirma o curador.

A mostra marca a chegada do artista ao acervo da galeria, que segundo Peter Cohn, fundador da Dan, significa um resgate de um momento histórico da arte brasileira. “Ele é parte integrante deste movimento significativo que rompeu todas as barreiras após os concretistas e neoconcretistas”, explica. “O Granato é um ícone do movimento vanguarda dos anos 70.” Para Peter, o artista é um dos líderes deste movimento por sua postura contundente e irreverente. Ulisses Cohn que atua ao lado do pai na Dan Galeria complementa. “Sua entrada na galeria dá continuidade para a evolução da arte brasileira que percorremos, como galeria de percurso”, pontua. “Ele vem completar a linha do tempo e ocupar o lugar da vanguarda, da expressão contestadora, da pluralidade estética. Renova nosso programa artístico.”

A jornalista Alice Granato, filha do artista, dirige o Acervo e participa ativamente da exposição. Ela comemora o retorno do pai ao mercado de arte com a representação da Dan Galeria.  “Uma alegria ver a obra do meu pai viva, pulsante e com seu merecido lugar na história da arte”, afirma. “Ele deixou um legado de máxima importância e trabalhamos muito, minha família e eu, para preservar e difundir sua obra e memória.”

Visite “Ivald Granato – Seres” a partir do dia 19 na Dan Galeria, na rua Estados Unidos, 1638, em São Paulo. O funcionamento é de segunda a sexta das 10h às 19h e aos sábados das 10h às 13h.