Exposição Veredas - Senk

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Sobre


Itu, Brasil
06/07/2024 - 29/09/2024

O Projeto DAN Acredita, abre na Sala São Pedro a exposição Veredas do artista Senk

Senk é mais novo artista dentro do Projeto DAN Acredita. A nova exposição dentro do projeto DAN Acredita, será do artista Senk. O intuito deste projeto é dar visibilidade para a produção artística profissional de artistas sem representação de outras galerias, porém com um currículo em constante desenvolvimento e que se dediquem exclusivamente às artes visuais. Por um período de 18 meses a DAN Galeria se compromete a apresentar e acompanhar o trabalho do artista, fazer uma exposição coletiva ou individual na unidade DAN Galeria Sala São Pedro além de acompanhar institucionalmente o artista.

Com curadoria de Carol Splendore, a exposição recebe o título de “Veredas”. Apresentando um conjunto de cerca de 20 obras entre pinturas, instalações e 3 esculturas, a exposição abre no dia 06 de julho às 11h da manhã.

SERTÃO DE DENTRO

“o correr da vida embrulha tudo, a vida é assim:

esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem.”

João Guimarães Rosa

Senk nos convida, aqui, às suas veredas: áreas úmidas e alongadas do sertão brasileiro que, assim como suas personagens, são repletas de vida. O terreno é fértil, ainda que árido.

Suas personagens, arredondadas, carregam consigo o tempo: seja nos colares-relicários, nos porta-retratos, nas garrafas de cachaça quase vazias; tempo como vestígio da memória e também como prenúncio. É vida que tem aqui; ela que inunda e faz crescer os buritis.

Em olhares que umedecem a terra, são por vezes oblíquos, por vezes fechados para o exterior, mas parecem estar sempre abertos para dentro. São, em grande parte, olhares interpostos por janelas – essas, com gelosias compostas por finos gradis de madeira que formam frestas, não permitindo que quem está fora enxergue quem está dentro. Como se suas personagens pudessem ver sem serem vistas, mesmo que expostas aqui.

Quando chegamos na janela, esse grande olho no centro da sala, podemos abri-lo, abri-la – janela d’alma – e sentir o sertão de dentro para então ver quem nos via. Nós, sendo observadas por elas, figuras imponentes, douradas, acobreadas, prateadas, simples e impecáveis.

Sola dos pés com os mapas da terra, fogão à lenha, cadeira de balanço, cheiro de barro, fubá, erva cidreira, café coado. Amor. A vó e o vô presentes aqui, guardando a instalação, a própria casa, “canto pra fé”. Tudo descende dali, nos mais labirínticos veios genealógicos, ao mesmo tempo em que tudo é o próprio, autorretratado.

O sertão é dentro da gente, já disse Rosa, que disse também que o sertão é do tamanho do mundo.

Tem isso e aquilo. Tem terra e tem alma.

Obrigada Senk, por sua arte sertão, potente.

 

Carolina Splendore, curadora.