Deslinde & Diversionismo - Laerte Ramos

fotocapa

Sobre


Itu, Brasil
19/10/2024 - 19/01/2025

Deslinde & Diversionismo – Laerte Ramos

Projeto DAN Acredita – Sala São Pedro

Abertura no dia 19 de outubro às 11 horas

A individual de Laerte Ramos acontece a partir do dia 19 de outubro na DAN Sala São Pedro, em Itu. Com curadoria de Carol Splendore, Deslinde & Diversionismo propõe um diálogo ativo entre o espectador e o espaço, dois atos de exposição, dois recortes curatoriais.

O artista destaca-se no panorama da arte contemporânea brasileira especialmente pela produção em gravura e grandes instalações em cerâmica. Trabalha com xilogravura, serigra­fia, pintura, escultura, tapeçaria, utilizando técnicas e materiais que o desa­fiam como um incansável artista-pesquisador.

Por meio de uma manipulação controlada, mas espontânea, ele constrói objetos que parecem ter sobrevivido tanto à catástrofe quanto à celebração. Eles se tornam artefatos de realidades alternativas, relíquias que conectam eras com um senso simultâneo de permanência e fragilidade.

Segundo a curadora, “Deslinde” aproxima o ponto de encontro entre traço e território, num processo contínuo de desvelar e assentar, como nas obras Retroland e Omen:  a camada inicial – um começo de mundo – é exposta em sua essência. Já em “Diversionismo”, o jogo das formas se torna subversivo. Laerte, com sua habilidade peculiar, reconfigura objetos e símbolos, traçando desvios em caminhos não previstos. Aqui, em Anti-derrapante e Patrulha Seven Boys, a ludicidade não só desconstrói a função original, mas também a reimagina, transformando o familiar em inusitado.

Séries apresentadas:

Retroland

Uma série que o artista resgata seus desenhos desenvolvidos durante sua residência em Paris na Cité dês Arts [ @citedesartsparis + @residenciaartisticafaap ] em 2001. Durante esta residência de seis meses, Laerte desenvolve um livro com 1650 desenhos – um desafio de “10 desenhos por dia”. Estes desenhos, já com duas décadas de produção, foram transformados em gravações a laser em chapas de acrílico que são sobrepostas com uma distância em chapas de madeiras pintadas por Laerte. As pinturas em sua produção ficam sempre em um segundo plano. A escolha da madeira como suporte é uma referência as suas matrizes, da época que trabalhava assiduamente com a xilogravura no início de sua carreira. Os temas e as cores das pinturas da série “Retroland” são desenvolvidos com extrema liberdade por Laerte, que encontra um lugar onde sua pintura, seus desenhos e suas gravuras se unem formando uma “pintura-objeto”. A gravura translúcida em primeiro plano, gera ainda uma sombra conforme a luz do ambiente que é projetada por sobre a pintura, em segundo plano. Isto é um dado importante para o artista, que observa a sua produção de pintura sempre a sombra de suas gravuras.

Nestas pinturas Laerte trabalha referências como os fundos de pinturas de seu avô (que começou a pintar com mais de 80 anos), cartões para aprendizado de pinturas que eram vendidos na rua Major Sertório aos domingos (hoje extintos), fundos de desenhos animados (Pápa Léguas, Pica Pau, Pantera Cor de Rosa, etc.) e quadrinhos como (Groo The Wanderer, Asterix & Obelix, Tex, etc.). As manchas e aguadas como fundos de suas pinturas é a tinta que utiliza solúvel em água – permitindo que seus pincéis sujos sejam lavados em um pote de água baixa permitindo a fusão de inúmeras cores revelando soluções de pigmentos rasos e lavados, com a memória das pinturas anteriores que se reprojetam sobre as novas. Este movimento de resgate as memórias de outras obras e séries é comum em sua pesquisa, podendo ficar mais claro quando utiliza o barro, constrói uma escultura, faz o molde, e reutiliza a mesma argila de maneira reciclada para a construção de novas esculturas num ciclo continuo.

Retrocremeland:

Obra composta por treze esculturas (x4 conjuntos) em cerâmica em formas híbridas de montanhas com topo de neve e agarras de escalada/alpinismo. Estas esculturas se desdobram a partir de outras séries como “Montanhas Topecreme”, “Agarras Topecreme” e “ Big Mama” – que tiveram sua inspiração inicial na embalagem de cobertura de sorvete Kibon, uma referência clara a cultura de massa e ao design gráfico que formou a paisagem estética dos anos 1980 e seu gosto pessoal por escalada na adolescência.

Top-o-lândia:

É muito comum e recorrente na obra de Laerte Ramos uma série antiga servir como referência ou ponto de partida para novas obras. Neste novo conjunto de nome “Top-o-lândia” – 2023, Laerte explora um ponto de ligação inédito entre técnicas e séries. Com o ponto central no assunto das pinturas “retrolândicas” respeitando a estética, cores e temas, recorre a matéria do cimento para criar um suporte tridimensional para as suas pinturas que se apresentam suspensas – assim como suas esculturas da série “Casamata” de 2014 que conquistaram o octógono da Pinacoteca de São Paulo. Os blocos de cimento são coloridos cores e flutuam como camadas topográficas suspensas por cabos de aço coloridos. Pequenas esculturas de cerâmica esmaltadas em branco se apoiam nestas estruturas esculturas relacionando dualidade de matéria.

Versus:

A instalação que empresta o título para essa exposição, “Versus”, apresenta armas com as pontas de seus canos estouradas, organizadas em pares, posicionadas uma de frente para a outra. A explosão que culmina nos cilindros esgarçados provoca impacto mútuo. Causa X consequência, realidade X imaginação, infância X maturidade, desenhos X imagens, jogos X guerras.

Essa série não busca tratar de opostos ou contraposições, coloca-se como o espaço entre o embate. Nesse lugar de encontros e de in­finitas possibilidades, surgem encruzilhadas entre as experiências de quem conta e de quem interpreta os versos visuais apresentados em esculturas, tapeçarias e impressões lenticulares.

A redução de traços e detalhes de aviões, explosões, submarinos, tanques cria cenas congeladas, paralisa o lugar entre as guerras de brincadeira e as verdades que vivenciamos no mundo. No espaço onde tudo pode acontecer, inclusive absolutamente nada, o lúdico encara a realidade sem possibilidade de juízo de valor. É como é, ou mais, é como poderia ser. Ali as narrativas formam um coro. A partir de pontos, um verso.

O artista conta histórias unindo partes – pixels, átomos, linhas -, para isso, usa um vocabulário que podemos ler, as imagens. Laerte Ramos escreve frases com ­gravuras. Encontra nas referências de sua infância as formas acessíveis para gerar debates sobre questões político-sociais contemporâneas. Propõe para temas complexos iconogra­fias simplif­icadas, que despertam conexão com às referências do expectador. É importante o lugar de troca com quem lê seus poemas.

Quando um motivo lhe toma a mente, busca, quase como um desafi­o, trazer novas linguagens para a história que vai contar ou recontar de outro ponto de vista. É assim que desenvolve um tear nas medidas exatas para produzir suas tapeçarias ou costura manualmente a peça Nós do Caos – Tapeçaria.

A pesquisadora Ana Carla Soler observa, “Elaine de Kooning sugere que um artista sempre retorna às coisas, elas voltam a aparecer vez e vez de novo. Em “Versus”, Laerte cria um ambiente habitável próprio que nos coloca de frente com histórias que não separam passado, presente e futuro, pois voltam a acontecer. São vestígios do passado no presente para serem lidos no futuro”.

Sobre Dan Acredita

Este projeto visa dar visibilidade à produção artística profissional de artistas sem representação de outras galerias. Como é tradição na DAN valorizar a carreira dos artistas, a ideia é trazer profissionais com currículo em constante desenvolvimento que se dediquem exclusivamente às artes visuais e, no entanto, ainda necessitem de visibilidade compatível com sua produção consistente. O rigor técnico da produção desses artistas é item essencial na avaliação e escolha dos selecionados. Durante 18 meses, a DAN compromete-se a apresentar a obra do artista ao maior número possível de compradores, colecionadores, advisors, curadores e pessoas ligadas às artes visuais; realizar exposição coletiva ou individual na unidade DAN Galeria Sala São Pedro; realizar monitoramento institucional quando necessário; realizando publicações nas redes sociais da galeria e acompanhando a produção das obras.

 

Serviço:

Deslinde & Diversionismo – Laerte Ramos

Curadoria de Carolina Splendore

De 19 de outubro de 2024 à 19 de janeiro de 2025

DAN Galeria Sala São Pedro (FAMA Museu ITU)

Rua Bartolomeu Tadei 09 Alto, Itu SP

Horários: de quarta a domingo das 11h às 17h

Fone (15) 99136 0301

dangaleria.com.br