São Paulo, Brasil, 1953
A familiaridade de Sérgio Fingermann com técnicas de gravura aparece não só em sua extensa produção em papel, mas também no interesse pelas texturas, marcas e grafias de suas pinturas. É interessante notar Fingermann revela nas telas seu vocabulário gestual de gravador, com a linha que parece mais entalhada do que pintada, e que, em algumas pinturas da década de 1990, deixa um rastro de ferrugem, que o artista obtém misturando óxido de ferro à tinta.
Conhecendo sua carreira como gravador, é inevitável ler uma pintura como Suite Construtiva 8 a partir da ideia de justaposição de chapas. Como se tivesse saído de uma prensa, a pintura sobrepõe planos recortados e hachurados, revelando ainda outra característica marcante das obras de Sérgio Fingermann, que é a referência à história da arte. As obras da série Suite Construtiva remetem às colagens cubistas e à economia cromática do cubismo sintético. As formas sinuosas não escapam a uma conexão com instrumentos musicais e daí às mesas dos cafés parisienses o passo é espontâneo, como corroborado pela referência a uma cadeira em Andaimes que constroem o sonhar 2. Fingermann alcança, assim, interessantes jogos entre abstração geométrica e figuração, entre gravura e pintura, entre musicalidade e arte visual.