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Biografia


São Paulo. Brasil, 1969

Biografia Paulo Otavio

 

Paulo Otavio transita entre dimensões inserindo-se em uma tradição que remonta à Bauhaus e à sua influência na produção artística e de design no Brasil. Desde a década de 1950, a interseção entre arte e design tem sido um campo fértil para experimentação, impulsionado por figuras como Max Bill, cuja abordagem concretista estabeleceu diálogos profundos entre forma, função e percepção. Com raízes no design gráfico, Paulo Otavio expande sua pesquisa para a tridimensionalidade, explorando formas primordiais—círculos e triângulos—não apenas como elementos geométricos, mas como estruturas fundamentais que ecoam princípios da natureza e do movimento. Seu trabalho não se ancora na geometria sagrada como um dogma, mas a compreende como uma matriz organizadora das forças e ritmos do mundo.

Suas esculturas, concebidas em chapas de aço carbono e finalizadas com pintura automotiva, aliam a precisão industrial à pulsação sensível do gesto artístico. A imersão nesse universo tem início em 2005 com os primeiros estudos, e no ano seguinte no atelier de Marcelo Mello, em São Paulo, passa a utilizar solda no processo de produção e criação das obras, ampliando as possibilidades com as chapas, desafiando suas superfícies até fazê-las fluir no espaço.

O trabalho como designer gráfico tomou o caminho da produção de livros de arte, com isso conheceu muitos artistas entre estes o fundador do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo (falecido em 2022) para quem mostrou os estudos de escultura que vinha fazendo. Emanoel, que também foi escultor, o incentivou a continuar. Passados cinco anos mostrou novamente algumas obras e projetos, agora com mais consistência, a ponto do diretor propor uma exposição. Em janeiro de 2017 abria “Movimento Constante” no Museu Afro Brasil com curadoria do próprio Emanoel. Esta exposição marca o inicio da carreira profissional do artista.

O reconhecimento de sua obra se reflete na presença de três de suas esculturas no acervo do MACS — Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba — e de outra no Museu Afro Brasil, além da obra Rotor em aço carbono e pintura automotiva com ø2,0 x 1,5 m, instalada no Parque Geminiani Momesso Ibiporã, PR. Sua participação em eventos como SP-Arte (2017 a 2023,  ArPa (2022), CasaCor-SP (2024) e ArtRio (2024) já pela Dan Galeria, demonstra a ressonância de sua poética, que segue expandindo-se como a própria dinâmica das formas que investiga.

“A escultura geométrica é a linguagem deste escultor. Assim, as formas circulares mostram sua habilidade em construir estruturas cheias de volumes que entram e saem do próprio corpo da obra, fazendo uma imagem que se afasta e se retrai num constante movimento. Não o movimento físico rotativo, mas aquilo que sugere outro movimento sutil para quem olha a obra que lhe chama para esses espaços negativos. Há, portanto, muitas tentativas nessas esculturas de expressar certa procura de humanizar, muitas vezes, a frieza da forma acrescentando uma volúpia, uma sensualidade latente nesses círculos que avançam no espaço em busca de repouso. Elas nascem de suas verticalidades como conquista do gesto. Não o gesto matemático, frio, mas aquele oriundo da procura de estar no espaço com sua impetuosidade, desafiando o seu equilíbrio entre formas negativas e positivas. Dessa maneira, a escultura se apresenta em sua permanência… O certo é que a construção geométrica ainda pode atrair artistas para esse eterno diálogo entre o pensamento abstrato e a forma propriamente dita. Uma permanente busca por acrescentar paixões poéticas e metafísicas ao desafio de humanizar essas expressões, como forma de procura do belo, do lúdico, da sensualidade e até da natureza, de onde tudo nasce e se cria e se recria como metáfora da existência humana.”

-Emanoel Araújo