São Paulo, Brasil, 1906 —
São Paulo, Brasil, 1974
Estudante de pintura desde a infância, Bonadei foi o mais erudito dos artistas do Grupo Santa Helena, ao qual juntou-se em 1935, após estudos de pintura na Academia de Belas Artes de Florença. Como outros integrantes do grupo, interessou-se pela paisagem da cidade, além de também aplicar a linguagem do modernismo europeu – especificamente o pós-impressionismo e o cubismo – em naturezas-mortas e retratos. O diálogo com Cézanne aparece tanto nos tampos de mesa, que desafiam as regras da perspectiva linear, quanto na homogeneidade de textura e pincelada em todos os elementos da composição, como se tudo no mundo fosse feito do mesmo estofo. A mesa, a maçã, o vaso, a parede e a flor são pintadas em função da totalidade composicional, e não como assunto. Só há um assunto nas pinturas de Bonadei que é, exatamente, a própria pintura.
Em suas composições, linhas escuras separam o que seriam os elementos de uma paisagem ou natureza morta, formando uma grade, que com o passar dos anos vai tomando a superfície toda da tela, e que delimita as várias áreas de cor da pintura. A partir daí, a passagem para a abstração, já na década de 1940, ocorre naturalmente, em estudos sobre a música, e prenuncia o primado da abstração geométrica, que se estabeleceria na arte brasileira a partir da década de 1950 sob a égide do concretismo.